Por: Fábio Leite Vichi
01/10/2019
12:00

É idade em que todos, se viverem o suficiente, passarão por ela. São tempos de diminuição de todas as acuidades, físicas e mentais. O idoso vive tempos de progressiva falta de utilidade para com a sociedade, que, na medida do possível, ele serviu. Em grande parte, ele sente sua progressiva diminuição de seu valor. O idoso, em maior ou menor intensidade, vê perder o seu valor social e o respeito que desperta em seus semelhantes. É a fase da vida em que todas as funções diminuem, as amizades são menos intensas.

Com a diminuição das lideranças em quase tudo, o velho torna-se um dependente e pouco prestável. Suas realizações tornam-se pouco úteis. A sensação psicológica da passagem do tempo é mais demorada e repetitiva. O idoso torna-se repetitivo e sua presença cansativa. Aumenta o desinteresse dos outros por suas ideias e sentimentos e ele passa a ser menos compreendido. Torna-se muitas vezes incapaz de despertar interesses. Todos sentem sua inferioridade em face dos problemas da vida e ele torna-se incapaz de despertar interesses aos outros.

Pode haver perplexidades entre os mais novos que o cercam. Tais sentimentos causam estranhezas entre os poucos acostumados com a situação e eles tentam descrevê-la, Creio que, dentre tudo o que se escreveu, é digna de registro a crônica “Prece ao envelhecer”, escrita por Lucy Dias Ramalho e publicada no jornal “A Tribuna”, de Amparo, em 5 de outubro de 2018, que é a seguinte:

 

Prece ao envelhecimento

Senhor!

Não permita que eu me torne uma velha rabugenta,

Nem fique a reclamar da vida dos outros,

Afaste de mim a tristeza e o desalento.

Que meu olhar seja limpo, sem a sombra da amargura.

Que minhas mãos estejam abertas a receber as bênçãos que emanam da tua infinita bondade.

Livra minha mente das algemas do ódio, do egoísmo, da insensatez.

Conserva em meu rosto o sorriso e a serenidade em meu olhar.

Que meu coração esteja sempre aberto ao amor.

Faça de mim uma pessoa generosa, que eu saiba dividir o meu pão com os que nada tem.

E as flores de meu jardim com os que não possuem um lugar para cultivá-las.

Não permita que eu viva do passado, falando de mim, de minhas aventuras, menosprezando os valores de hoje.

Induza-me a falar sempre da beleza das flores, da riqueza do amor, do canto dos pássaros, do verde das matas, da carícia do vento suave a me envolver quando o dia termina.

Que eu me emocione sempre com a beleza da vida a cada novo dia, com a alegria dos que retornam aos lares após o trabalho...

Com as palavras e gestos de gratidão dos humanos.

Senhor! Agradeço a bênção do renascimento, a família, o lar, as oportunidades que a vida tem proporcionado para o meu crescimento espiritual, nos momentos de dores acerbas e nos instantes de felicidade...

Que eu não menospreze cada minuto de meu dia e viva cada minuto de meu dia e viva sempre conforme seus sábios desígnios.

Obrigado, Senhor!

A velhice é uma etapa da existência quase que inevitável de se viver inexistindo quando de uma morte algo precoce. Então os sonhos e projetos fenecem, desaparecem e deixam de existir. É com a morte que volta-se para a constritora realidade e a velhice deixa de existir.

Nota da Redação: Fábio Leite Vichi, médico e escritor, é membro da Academia Amparense de Letras (AAL) e da Academia Ribeirãopretana de Letras

 


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